domingo, 7 de dezembro de 2014

O espírito do amor ...



Como pode desmaiar, terminar um amor de todo o sempre? depois de cada ruga que lhes nasceu enquanto dormiam lado a lado, enquanto passavam juntos mais uma noite, um dia, um ano... como esquecer a dor do prazer de cada filho que trouxeram ao mundo? Como relevar o cheiro, a maciez da pele que permaneceram intactos nos dois, incrivelmente inalterados, porque o tempo não muda tudo. e os risos cúmplices quando parecia não haver mais palavras?
Perdeu-se-lhe o rasto, o rumo, mas esse amor não acabou, vagueia por aí algures, sobrevoando noites de desespero...

7 comentários :

Ana Freire disse...

Como diz Florbela Espanca, ama-se quem se ama, e não quem se quer amar.
É sempre triste, quando os amores chegam ao fim... mas se chegam ao fim, é porque o amor já não estava lá... ficam as recordações, as lições e o amor próprio...
O amor é muito estranho... facilmente nos lembramos como começa... mas às vezes custa-nos a entender porque, ou quando acaba...
Mas realmente é sempre triste quando apresenta um prazo de validade, de uma das partes...
A imagem está fantástica, Rute, com esse efeito... e as palavras, como sempre... dizem tudo...
Beijinhos
Bom domingo!
Ana

Manu disse...

Pena que tantas vezes o amor seja efémero, que não dure para sempre, que não se eternize em momentos que outrora fizeram crer que nunca terminariam.
Sofre-se a cada noite, em cada instante e tantas vezes desejamos secretamente que volte.
Mas tudo tem o seu tempo e tudo se renova, hoje o que é já não era, mas o há-de vir pode ser uma agradável surpresa como foi este lindo grafismo da tua foto.

Beijinhos Rute

Remus disse...

Hoje sou eu que deixo aqui umas palavras, escritas por Joaquim Pessoa, mas que acho que encaixam na perfeição neste "O espírito do amor..."
És linda. E nem sabes quantos pedaços de beleza tive de juntar para chegar a esta conclusão. Para te construir, tive de misturar a conspiração das searas com a tristeza do choupo, a inquietação da cotovia com o cheiro lavado do vento do ocidente. E a firmeza repartida dos livros, com a alegria explosiva dos miosótis e a luz escura das violetas. Juntei depois um pouco de ansiedade das estrelas, a paciência das casas à beira da falésia, a espuma da terra, o respirar do sul, as perguntas de gesso que se fazem à lua. Acrescentei-lhe a canção das margens e pequenos pedaços da angústia do olhar. Não esqueci a intimidade do frio nem a dor branca que habita o coração dos muros. Por fim, deitei na tua pele o sono dos alperces, aos teus músculos prometi a violência das cascatas, no teu sexo acordei a memória do universo.
És linda, repito. Mas tenta não encarar o que te digo como um elogio.

Rute disse...

Ana

Também gosto desta série de fotografias que tirei, foi uma experiência que andei a fazer e algumas resultaram bem, outras, lixo com elas.

Obrigada pelas tuas palavras...sim, o amor é um lugar estranho, a vida é um lugar estranho!

beijinhos

Rute disse...

Manu

Obrigada pelas tuas palavras...eu hoje não arranjo quase nenhumas...fica a fotografia e o sincero agradecimento pelas palavras.

Beijinhos

Rute disse...

Remus

Não conhecia este poema, ou prosa poética. são lindíssimas as palavras...até fiquei comovida, a sério! Muito obrigada, amigo.

1 beijo

Fabricio K. Ramos disse...

O texto é muito lindo Rute... Lindo e doloroso... A fotografia está complementando com maestria suas lindas palavras...
Bjo