quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dormência boa...




Eram as últimas sobreviventes, pálidas, à beira da estrada

num tempo insano em que as lágrimas escorriam para dentro

e era nesse lá dentro que ninguém podia sequer imaginar

que lhes corria a seiva morna e abundante do bem-querer

e era lá que se entrelaçavam serenas e se deixavam ficar

e era ainda lá dentro que a estrada deixava de ser fria

do lado de fora e chegava mesmo a deixar de ter beira ...






sábado, 26 de maio de 2012

Até me perder...



Às vezes não sei o rumo que hei-de dar às emoções que tantas vezes me assaltam e me envolvem como um abraço apertado e que me fazem arder a pele marejando-me os olhos de uma água inexplicável que parece vir de fontes longínquas. 
Sereno, doce e misterioso é esse elixir que se derrama assim no meu pedaço de ser, sem pudor e sem explicações! 
Não sei de onde vem esta exaltação que assenta arraiais no meu peito e se derrama depois como uma avassaladora avalanche, em todos os poros do meu corpo.
É como uma viagem não planeada sem destino e sem bagagem na qual apenas levo comigo os pés despidos transformados em pássaros e pequenas nuvens desmanchadas em pedaços de algodão que me vão abrindo caminho para que simplesmente eu me possa abandonar, caminhar até me perder, até me perder... 


sábado, 19 de maio de 2012

"Conversas às Quintas"

Uma das coisas que mais gosto de fazer na vida é ler, escrever e ouvir de quem escreve e pensa, coisas que acrescentam vida à minha vida, esta torna-se maior rica, ganha mais brilho e um sentido mais amplo.
Esta semana tive o enorme privilégio de estar presente nas "Conversas às quintas", evento promovido pela Revista "Visão", passo a publicidade.
Foi com enorme atenção e emoção que estive a ver e a ouvir o meu escritor de eleição (português, vivo) por quem nutro uma enorme e profunda admiração. Para quem já me conhece sabe que me refiro a Aº Lobo Antunes. Tive ainda uma alegria extra...É que também José Luís Peixoto estava presente. Outro homem notável, outro escritor, outra geração...para mim, a mesma sensibilidade e uma imensa simpatia!
E muito mais haveria a dizer, mas fico-me por aqui, porque este momento é hoje dedicado a eles.



- ANTÓNIO LOBO ANTUNES -


"(...)  E É tudo tão breve que não temos o direito de ser tristes, porque é uma grande honra estar vivo! Senti isso depois da operação, quando pensava «afinal respiro» e comecei a tirar prazer das coisas : de estar sentado, de andar de inclusive de respirar, porque antes custava-me cada vez que tossia. Eram dores horríveis na costura. É tão bom respirar, e estar vivo é um privilégio. Isto é fácil de dizer, porque a melancolia vem e às vezes, não é tristeza - eu não tenho tristeza -  mas parece desespero, um desespero que toma conta de nós e que faz sofrer muito. Eu penso que todos o temos, quando pomos tudo em causa, a começar por nós, os outros e o sentido da nossa vida. O que é que vai ser da minha vida? O que é que eu vou fazer? Escolhas que por vezes são lancinantes, ter de escolher e ao mesmo tempo querer ficar com tudo e não ser possível.(...)



JOÃO CÉU E SILVA In, UMA LONGA VIAGEM COM ANTÓNIO LOBO ANTUNES


*

- JOSÉ LUIS PEIXOTO -


"(...) Mas tu ainda estás aí, olá, eu ainda estou aqui e não poderia ir-me embora sem te agradecer. Aí e aqui ainda é o mesmo lugar. Sinto-me grato por essa certeza simples. A paisagem, mundo dos objectos, apenas ganhará realidade quando deixarmos estas palavras. Até lá temos a cabeça submersa por esse tempo sem relógios, sem dias de calendário, sem estações, sem idade, sem agosto, este tempo encadernado. As tuas mãos seguram este livro e, no entanto, nas tuas mãos, é manhã. (...) Às vezes penso em ti sem te dizer. Mesmo esses pensamentos invisíveis estão agora nas tuas mãos. seguras o meu nome. (...)" 

In, LIVRO


domingo, 13 de maio de 2012

Suave aroma tem o Verão...



Uma vez por semana ou tentar aparecer porque sinto a falta deste meu cantinho e dos vossos ainda mais... e também porque o REMUS e da IRIS me pediram :))