ERA UM INVERNO SEM CHUVA...

AINDA REPLETO DE OUTONO!

A CASA VELHA

 COM a sua AURA DE LUZ  E A DOSE CERTA DE ARREPIOS QUENTES...

Deixem a casa velha! Que os pedreiros

não lhe tirem as rugas nem as gelhas.

Que não limpem de urtigas os canteiros,

que lhe deixem ficar as velhas telhas.

Deixem a casa velha! Que a não sujem

com óleos e com tintas os pintores.

Que lhe deixem as nódoas de ferrugem,

os velhos musgos, as cansadas flores.

Que não fiquem debaixo do cimento

mais de cem anos de alegria e dor.

Não lhe pintem a chuva, o sol, o vento,

que a cor do tempo é assim: vaga e incolor.

Que tudo fique assim, parado e absorto,

no tempo sem limites, sempre igual.

Ah, não, por Deus! Como se faz a um morto,

não a sepultem sob terra e cal!

Não fechem as janelas mal fechadas,

ouçam da brisa o tímido lamento,

deixem que a vida e a morte, de mãos dadas,

vão com seu passo reflectido e lento.

Não endireitem as paredes tortas

nem desatem, da aranha, os finos laços.

Abram ao vento as desmanchadas portas,

ouçam do tempo os invisíveis passos.

Deixem que durma, quieta, ao sol do Outono,

velada pela flor, o vento, a asa.

Será talvez o derradeiro sono…

Que importa? Morra em paz a velha casa.

Fernanda de castro

Era um céu que sonhei a preto e branco

onde as nuvens pairavam neste balanço

num desejo de permanecerem na quietude

num movimento respiratório imperceptível

 Rasgo de luz no recomeço da noite

Por mais tenebrosa que se anuncie a noite

mantenho sempre em mim uma janela aberta

porque sei que inesperadamente a luz irromperá...

HOJE A MENINA MAIS NOVA FAZ  2 MESES...

... por isso tem direito a fotografia com a dona sénior...;)

CASTELO DOS MOUROS 

         Castelo de Mouros e Mouras ...

Eterno e protegido pelas nuvens e pelo balancear agitado das árvores...
pois  que o vento não as deixa amainar!
É para que o mistério se eternize e o vento sussurre  mil e uma histórias de encantar...

Abrem-se as minhas mãos como asas e transformam-se 


em bando que me eleva inteira  à condição de pássaro 


e então sou livre e acompanho a sombra do meu  voo


porque quero ir só para sentir os limites do meu âmago


para beber do vento de rajada a liberdade mais intensa

e mais voraz de ser somente aquilo que quero ser


liberto o meu espírito dos grilhões do quotidiano


 e num grito mudo deixo-o juntar-se às asas

que antes já foram mãos e corpo e agora se elevam


rasgo os céus sem querer saber dos riscos brancos 


que vou deixando e agora plano ziguezagueando


rabiscando o azul celeste nos sublimes tons da condição 
de pássaro

na serena loucura de me transcender quando eu preciso


 que o meu corpo se transforme em asas...

De braços estendidos ...

Apelo

Porque não vens agora, que te quero,

E adias esta urgência?

Prometes-me o futuro, e eu desespero.

O futuro é o disfarce da impotência...

Hoje, aqui, já, neste momento,

Ou nunca mais.

A sombra do alento é o desalento...

O desejo é o limite dos mortais.

Miguel Torga

Hoje o Sol fez-se Homem e só quis correr ...

para sentir o prazer dos movimentos do corpo e da respiração ofegante 
de quem tem um coração livre

  ...e depois cansado e feliz desfez-se em linha de fogo ainda ondulante e permaneceu ... 

" Desejo a todos uma noite descansada ..." 

FLORES DE JANEIRO - III

Hoje, em especial para a minha querida cunhada LURDES (1964-2010), que sei que as receberá de mãos estendidas e com um sorriso nos lábios ... esteja ela onde estiver.

“ Há palavras carregadas de noite e de ombros surdos

e há palavras como giestas vivas ”

António Ramos Rosa

Não espero que venhas... 

Não fazes parte do tempo dos relógios

que nos fazem partir e regressar depois

sinto-te respirar sempre que respiro

numa presença suave e constante

de batida forte e certeira do coração

num entrelaçar invisível e intersticial

de veias, artérias e torrentes de paixão

não espero que venhas no final do dia

na certeza de que já estás e em mim já és 

qual mar sereno agitado doce ou salgado

em alternância inevitável das marés

FLORES DE JANEIRO - II

Como um esperado vazar de maré

após uma enchente arrebatadora

assim és tu num continuo de amor

perpetuado pelo silêncio das caricias

que trazes nas tuas mãos ou nesse olhar

que se acerca e aninha no meu corpo

quando eu sou areal e tu vens e és o mar...

APRESENTO-VOS A NOVA MENINA CÁ DE CASA... 

COM A INÊS

COM A SOFIA

...E COM A RITA

SÓ DESEJO QUE SE SINTA FELIZ ENTRE NÓS!

     PELO MENOS FESTINHAS, BEIJINHOS E...UMA CAMA AZUL, NÃO LHE IRÃO FALTAR...

           VERSÃO DO MARCO                                                          VERSÃO DO REMUS

O REMUS e o MARCO apresentaram-me as suas sugestões para melhorar a fotografia que postei ontem e que em termos de qualidade técnica, não saiu lá muito bem... Gostava muito que me dissessem de vossa justiça e expressassem a vossa opinião. É uma forma de confrontar-mos ideias e de eu ir aprendendo um pouco mais sobre estas matérias.

Qual das duas preferem? E já agora, porquê...se não for pedir demais. 

* Obrigada Remus e obrigada Marco ;)

... A CORES OU ASSIM A P&B?

Por sugestão do Marco C.

  A BEBER NA PELE O CALOR DOS SONHOS...

Sonho que em teu redor construo um círculo de fogo só com os meus braços e com a força do calor que sai do meu coração directo a ti.

Olho-te assim sentada, a beber na pele o calor do sol com esse teu rosto feliz, quase de criança e com o olhar e o peito ainda sem sombra e sem mágoa...E queria congelar-nos assim, sem tempo contado, neste torpor bom e embalar-te outra vez, como quando eras pequenina... até voltares a sorrir, até voltares a sorrir...queria-te perdida neste meu sonho de círculos de fogo que protegem, em corações que aquecem, em braços que embalam e fazem desvanecer para sempre as sombras e as mágoas...até voltares a sorrir, até voltares a sorrir...

VARANDA COM VISTA PARA O CÉU - IV

A vista não pode até nem ser nada de especial, mas o céu consegue sempre surpreender-me pela maneira como muda de humor...de tons, de luminosidade.

É que o céu também tem as suas marés! Às vezes presenteia-nos com azuis impossíveis a dominar toda a sua imensidão, outras vezes brinca connosco e mostra-nos nuvens com formas de gentes, de animais, de duendes...E quando está apaixonado torna-se doce e de coração aberto oferece-nos deliciosos poentes...