quarta-feira, 29 de dezembro de 2010


Espaço de (des) construção


É dentro dos espaços do meu vazio
que nasce a certeza do pulsar de uma vida
emergente desassossegada vacilante de si
numa busca contínua inundada pela incerteza
ofuscada pelo temor tacteando cautelosamente
a própria respiração intercutada por ondas de frio. 
É assim nesse espaço silencioso do meu vazio
que  renasce todo o prazer dos sentidos
onde me recrio em raios ferozes de sol abrasador
em ondas de novos abraços serenos e prolongados
em  olhos que se fixam nos meus olhos 
É de dentro do espaço do meu vazio
que me tranfiguro e reinvento
para mais tarde hibernar de novo
e procurar perscrutar dentro de mim
novos sentidos novos caminhos

10 comentários :

NUNO disse...

Espero que o espaço seja de construção... É a partir do vazio que se podem construir grandes obras, compete-nos a nós sermos o arquitecto da obra e fazê-la o melhor possível...

Obrigado pela sugestão de passar por aqui. Gostei das tuas imagens e mais ainda das tuas palavras. Vou voltar com mais frequência, prometo.

Rute disse...

Nuno

Ainda bem que vieste :)
Concordo contigo : É a partir da desconstrução que podemos voltar a construir, e normalmente a obra sai melhor!

1 beijinho

Remus disse...

Também concordo.
Quase sempre, para fazer-se melhor e ter-se a vontade de fazer melhor, é necessário destruir o que foi feito anteriormente.
Mas prometa-me que destrói as coisas com jeitinho... :-)

Rute disse...

Remus

...Depende do que se vai destruir...é que há certas coisas, que o gozo está mesmo em destruir com muita convicção...com muita força... Vou dar-te um exemplo : pratos rachados... Já alguma vez experimentaste? ;)

1 beijinho

Clarice disse...

Posso?
Partir um prato rachado?:)
ADORO!!!! :))) e com jeitinho...:)

Rute disse...

Clarice

PODES!!!! :)) é que sabe mesmo bem...experimenta ;

Bjinhos

Guida Palhota disse...

Concordo que "a partir do vazio se podem construir grandes obras", mas penso que essa está longe de ser a única hipótese de chegar ao "grande".
Felizmente, há arquitectos que salvam fachadas de grande beleza, as quais, sendo apenas uma parte integrante de um todo, vêm a ser a razão de uma reconstrução, pelo valor que lhes é reconhecido. E que obras belas temos visto assim concebidas! Por exemplo. E se o todo fosse integralmente "desconstruído", o "novo" objecto artístico nunca poderia ser aquele que a parte antiga potencia...
Antes de desconstruirmos, em ordem a obtermos o vazio, o nada de onde possamos começar qualquer coisa, penso que é muito importante analisar e avaliar a construção, pois talvez seja mais fácil do que parece encontrar nem que seja apenas uma peça de valor suficiente para se tornar o ponto de partida de uma reconstrução...

E quanto aos pratos rachados... Começo por juntar-me a quem tem o prazer de acabar com eles. E sugiro que os escolhamos amanhã, para podermos começar o novo ano quebrando, desse modo e simbolicamente, aquilo que vinha de trás mas não queremos que continue a acompanhar-nos, não necessariamente por querermos substituição, ou seja, construir de novo (comprar pratos diferentes), mas simplesmente por necessidade de alívio daquilo que nos cansava...

Bom final do ano!

Rute disse...

Guida

Concordo contigo, há coisas que têm que ser restauradas, reconstruidas a todo o custo, sob pena de se perderem grandes obras de arte, da criação humana! Essa é outra perspectiva, tão válida como a de construir a partir do vazio, do zero.
Depende das coisas, dos momentos, dos contextos...De tantas coisas!

Quanto aos pratos...aparece por cá no fim do ano que logo vês ;)

1 beijo

Remus disse...

Eu sou um rapazinho muito calmo e quando parto algo, é sempre sem querer. :-)

Existem mil e uma utilizações que se podem dar a um parto rachado. E na minha modesta opinião, parti-lho não é uma delas. Sou um adepto da reciclagem e da reutilização.
:-)

Rute disse...

Remus

Ora vamos lá então voltar à questão dos 'pratos que sabem mesmo bem partir'...

Vou-te contar uma história/ segredo verdadeiros : Certo dia, num arrumar de cozinha após um já costumeiro jantar de Sábado...Eu e mais quatro ou cinco 'meninas', resolvemos partir uns quantos pratos rachados e lascados que a dona da casa lá tinha em quantidade abundante...Fechamos bem a porta, para que os nossos filhos não julgassem que as mães haviam enlouquecido...E foi vê-los a voar pelos ares e estilhaçarem-se no chão. Foi um momento de catarse e digo-te que a sensação foi mesmo muito boa!!!
(E olha que eu também não sou moça para actos violentos :)).
Claro que depois tivemos que arrumar tudo e a cozinha ficou um brinco. E quando os filhos voltaram, lá estavam as suas mães, com o costumeiro aspecto de 'As melhores do mundo'...

Não contes a ninguém ;)

1 beijo