" (...) Aquilo que amamos, devemo-lo saber de cor. Não é por acaso que «coração» em latim é «cor». Ninguém nos pode tirar nunca o que sabemos de cor. Deixem-me frisar : saber, saborear de cor, com o coração, não com a cabeça. Queremos sempre levar connosco o que amamos. Eu sou muito velho, mas tento, todos os dias, ou quase todos, aprender um poema, ou fragmentos de um poema, de cor, porque é assim que se agradece uma bela obra. Que outra maneira tenho eu de agradecer a Dante, a Cervantes, a Lope de Vega ou a Shakespeare? A partir do momento em que sabemos um poema de cor, algumas poucas linhas, ele começa a viver dentro de nós. (...)
George Steiner
Excerto de entrevista
in Revista LER - Março 2011