quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011



Era uma vez uma  História do Amor que faz doer

Foi  de mansinho que um dia ela chegou, se sentou ao meu lado e me falou sobre ele como quem fala da lua!
Fiquei a ouvir quase sem respirar, com medo que um simples sinal da minha existência pudesse desviá-la do seu intuito de me falar daquele sentimento imenso ao qual chamava mar.
Olhava em frente, com a cega expressão de quem nada vê e falou, não para mim mas para a imensidão do céu, como se de facto se dirigisse à Lua.
Era o espanto da ausência que trazia na voz, na ingénua crença de que sem lua e sem o mar o mundo não pudesse continuar.

"- Olha e toca nos meus cabelos! Vê como secaram e perderam a textura e o brilho que só ele lhes encontrava! A minha pele endureceu numa aspereza de arranhar o coração até aos limites da dor, o meu odor a morangos frescos evaporou-se como um perfume qualquer, na imensidão deste céu invernoso, em tons de cinzento decadente e moribundo,tal como eu!"

No final das suas palavras quase murmuradas, respirei por fim mais fundo e mergulhada na partilha do enorme mistério da dor imensa do amor que se vai, apenas lhe acariciei os cabelos claros que eram muitos belos e lhe disse que nem um um só fio havia secado ou perdido o brilho da vida.
Também lhe apontei o céu sem luar e disse-lhe que a lua haveria de voltar numa noite inesperada e a um só tempo, iluminaria céu e mar!

9 comentários :

João Menéres disse...

Como bem escreves, RUTE !
E, como os teus textos ou poemas são curtos, não perco um !

Um beijo afectuoso.

Rute disse...

João

Muito obrigada! ...Fico sem graça (como dizem os brasileiros:)

1 beijinho que leva o mesmo sentimento que me trouxe o seu

Helder Ferreira disse...

Porque dizes que é uma história de amor triste?... a minha interpretação é diferente. Como se fosse um conto de esperança de um novo amanhã ;)

E por isso atrevo-me a contribuir para essa mensagem deixando-te algo que escrevi em tempos e que eu acho que se adequa como continuação e apelo à esperança da tua história:

Nos meus olhos transparece
o espelho da tua alma
o sorriso que tomas
entre gestos de carinho
num mundo de sonho
O toque suave do teu coração no meu
O suspiro que m’embala
quando te abraço e te desejo
A inocência de pensamentos meus
que viajam na brisa dos teus cabelos
entre enigmas perdidos no tempo
onde moro lá longe
num castelo escondido
pelo nevoeiro do meu coração
E no entanto te abraço e te beijo
como se estivesse tão perto
tão perto que ouço o teu carinho
bater devagarinho
na porta do meu coração
... entra, por favor...

Clarice disse...

...e assim não se perde a esperança... e percebe-se que há vida, mesmo sem luar...

beijinho:)

Rute disse...

Helder

Muito, muito bonito, o que escreveste! Confesso que até me emocionei um bocadinho...

Agradeço a tua contribuição :)

Rute disse...

Clarice

Já tinha sentido a tua falta por aqui! É que gosto muito de ter por cá, nesta minha humilde casinha :)

1 beijinho

Remus disse...

Confesso que tive alguma dificuldade em perceber a fotografia. Só passados longos segundos é que percebi que era uma queda de água. :-P
Mas gostei deste ponto de vista quase voyeur da queda de água. :-)

Rute disse...

Remus

Estás a ensinuar que eu roubei um bocadinho da privacidade da queda de água?! ;) E não é isso que fazemos sempre que fotografamos seja o que for? Ainda que o roubo seja seja pequenino?...

1 beijinho :)

Remus disse...

É sim senhora.
Somos autênticos ladrões!
:-)