quarta-feira, 14 de julho de 2010

Férias à Vista


Vou fechar para descanso do pessoal


BOAS FÉRIAS e BOM DESCANSO

domingo, 11 de julho de 2010

Poesia de Ruy Belo

Foto de RUY BELO





Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam

Os pássaros fazem cantar as árvores
ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores

mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia

eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão, a inúmera mão?

eu passo e muda-se-me o coração



Ruy Belo, Obra Poética, Vol.1

Aí, o Senhor!

Para lá e para cá
para cá e para lá...
Olhar vazio, indiferente ao percurso
parece que vai sozinho, meu senhor!
No entanto o comboiozinho vai cheio
gentes e burburinho
risos, baldes, chapéus de sol e bonés
Reparou? viu alguém?
Não sei, vi que olhava para o lado
e eu, olhava para si

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Fiapos de Água em Mim


Hoje chegou-me de mansinho
uma chuva miudinha
só minha
imperceptível
em fiapos de água fininhos
espalhou-se devagar
dentro de mim
fez-me rir e refrescar
Hoje não houve espaço
para mais ninguém entrar
Há dias assim
de calor abrasador
que não sinto chegar...










segunda-feira, 5 de julho de 2010

PARA A GUIDA PALHOTA

Esta é para ti, amiga


Porque sei que gostarias de ter lá estado

porque foi assim que a nossa amizade começou

porque me lembrei de ti várias vezes ao longo do dia

porque senti ali Deus sem o ter procurado

porque queria dar-te um pequeno presente

porque me apeteceu juntar-te a nós

porque simplesmente me apeteceu...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

... ... ...



Esta angústia
que me vai chegando
que permanece
muito para lá do vazio



Este nó na garganta
que se vai formando devagar
criando garras dentro de mim
que não me deixa respirar
que me arranha o peito
Falta-me o ar, o fôlego
o grito
Faltam-me as memórias
o riso
Falta-me o chão para rodar
dançar
E lá vem outra vez esta angústia
sem avisar

inquietação, desassossego
coração desritmado
quase parado
Deixo-me despertar
levanto-me amanhã, talvez
se disseres aquele poema
do teu olhar no meu

talvez assim venha a ser
se esta angústia não teimar